11 de jul. de 2011

UM OLHAR SOBRE A CULTURA JAPONESA E OS EFEITOS PÓS-GUERRA

          
          A cultura do Japão evoluiu grandiosamente com o tempo, da cultura do país original Jomon para sua cultura híbrida contemporânea, que combina influências da Ásia, Europa e América do Norte. Após várias ondas de imigração do continente e Ilhas do Pacífico, os habitantes do Japão experimentaram um longo período de relativo isolamento do resto do mundo sob o Xogunato Tokugawa até a chegada dos Navios negros da Era Meiji. Com isso, a cultura local sofreu grandes adaptações e absorveu muitos aspectos alheios a sua originalidade, contudo, sem perde-la.

Como resultado, uma cultura distintivamente diferente do resto da Ásia desenvolveu-se, e resquícios disso existem até hoje no Japão contemporâneo.

Apesar dessas influências, o Japão gerou um complexo único de artes (ikebana, origam e, ukiyo-e), técnicas artesanais (bonecas e cerâmica), espetáculo (dança, kabuki, noh, raku-go, Yosakoi Soran e Bunraku), música (Sankyoku e Taiko) e tradições (jogos, onsen, e cerimónia do chá), além de uma culinária única.

O Japão moderno é um dos maiores exportadores do mundo de cultura popular. Os desenhos animados (anime), história em quadrinhos (mangá), filmes, a cultura pop japonesa – Japop, literatura, filmes e música (J-pop) japoneses conquistaram popularidade em todo o mundo, e especialmente nos outros países asiáticos.

Depois da Primeira Guerra Mundial, o Japão começou a pôr a mão na China. Já havia senhorado a Coréia em 1910. Mas, nos anos de 1931/1932, o “incidente da Manchúria” lhe permite apossar-se de toda a província e estabelecer, sob uma independencia ficticia, o seu dominio sobre a rica provincia. A impotencia da SDN no caso da Manchúria muito concorreu para o descrédito da organização internacional. A partir de 1932, o partido da guerra prevaleceu sobre o partido da paz; o Japão optou o caminho da expansão armada ao da expansão comercial. Em 1937, levou a guerra à própria China. Uma casta militar arrasta o Japão a uma empresa gigantesca, a constituição do que o pretencioso vocabulário da época denomina “a esfera da co-prosperidade asiática”. Os japoneses desembarcam na China, ocupalham-re as costas e bloquearam, uma depois da outra, as vias pelas quais o governo de Chang Kai-chek ainda podia receber material. A derrota da França (1940) entregou-lhe a estrada que vai de Tonquim ao Iunão. Alguns meses mais tarde, cortaram a estrada da Birmânia. Não obstante, o Japão não conseguiu vencer de todo a resistência chinesa. Foi um fato novo, cuja a importância histórica só hoje podemos medir melhor: o nascimento de um patriotismo chinês do tipo moderno. O Japão contribuiu indiretamente para ele. Seus desígnios sobre a China tiveram efeitos comparáveis aos da dominação européia sobre os países colonizados.

          A partir de 1941, o conflito entre Japão e a China fundaram-se no grande conflito mundial. O Japão, que declarou guerra aos Estados Unidos (Pearl Harbor) de surpresa, desferiu golpes terríveis; em alguns meses, destroçou todos os impérios coloniais do Ocidente, ocupou a Malásia, Singapura, Filipinas, Indonésia e a própria Birmânia, chegou às portas da índia e aos postos avançados da Austrália. Mas, volvido pouco tempo, ocorreu o refluxo e a derrota de 1945, que acarretou, com o desmoronamento militar do Japão, a ruína de suas ambições e sua renúncia à expansão armada.

          Desde 1945, o Japão tem sofrido transformações muito profundas. Aceitando a derrota e dela tirando ensinamentos. Renunciou a todo e qualquer domínio político ou militar. Hoje sua constituição prevê até que ele desista de defender-se militarmente, depois de haver sofrido, durante anos, a ocupação norte-americana.

          Em seguida, adotou um novo regime: sua constituição é democrática. Embora mantido, o imperador perdeu o enssencial de seus poderes. O Japão conhece o regime que se assemelha, em mais de um aspecto, aos das democracias ocidentais.

          Enfim, o Japão manteve relações estreitas com o seu vencedor. Em 1951, um tratado pôs fim às hostilidades e concluiu uma aliança entre japoneses e norte-americanos.
É uma nação dinâmica, que atingiu um grau de evolução técnica comparável, e até superior, ao dos países mais adiantados, uma taxa de crescimento sem igual. Sua história oferece o exemplo original de um país que conseguiu conservar a independência porque se antecipou às influências externas, tomou iniciativa e guardou constantemente o controle da própria modernização.

          Durante muito tempo, o povo japonês reprimiu seu impulso inato e um desejo apaixonado de expressar o estilo único e colorido que lhes é próprio.

          A onda de modernização que transformou o Japão, iniciada no final de 1860, assim como o empenho nos anos pós-guerra para construir o monumento tecno-industrial, tão famosamente conhecido como "Japan Incorporated" (sociedade Anônima Japonesa), baseou-se num projeto que exclui os valores individuais, e no estabelecimento de um padrão de homogeneidade.

          Mais ainda, talvez, do que a antiga União Soviética, no apogeu do controle totalitário, a tríade japonesa: governo, corporações e escolas, lograram com êxito na criação de uma sociedade Orwelliana, completada não apenas por "pensamento grupal", "discurso grupal", mas também pela "aparência grupal". Sacrificar os sonhos individuais e quase todo traço de individualidade foi a estratégia que os japoneses conscientemente empregaram para alcançar a supremacia econômica e tecnológica. Com quase todos os prazeres individuais negados, a nação pôde perseguir seus objetivos em concordância harmoniosa.

          Na era industrial, quando as roupas, os carros, a comida, são produzidos em série, os meios de comunicação e a educação de massa, faz os japoneses aparentarem a si mesmos, como produzidos em massa; perderam um grau imensurável de sua individualidade e talento para expressão pessoal.

         A tragédia para o Japão e os japoneses, que tinham até a modernização, se desenvolvido dentro de uma sociedade brilhantemente colorida, completada com quimonos deslumbrantes, bordados com cores vibrantes e visualmente excitantes, feitos para o entretenimento no palco, como o teatro Kabuki e Noh, mudou, como se a vida tivesse sido completamente sugada ou retirada. Uniformes pouco atraentes e moradias pré-fabricadas tomaram o lugar da riqueza cultural e da variedade individual.

          A individualidade é algo novo para os nipônicos. Em pouquíssimas sociedades ocidentalizadas, o papel do grupo está tão presente e enraizado quanto no Japão. Em casa, na escola ou entre amigos, a regra é, simplesmente, aceitar e seguir à risca os mandamentos do grupo. "Os jovens japoneses não tem imagem definidas deles mesmos. Por não saberem, ainda, a pensar como indivíduos, eles querem se libertar das semelhanças, abraçando o diferente, o exótico", diz Ken Ohira, autor de dez livros sobre psiquiatria de adolescentes.

          Diferente da maioria “uniformizada” da sociedade japonesa, os jovens e adolescentes procuram se espelhar em movimentos de subcultura para criar seus próprios estilos de visual. Geralmente inspirados pelos artistas que os cercam. Podem-se encontrar os mais variados estilos e cores de cabelo, piercings, maquiagem e lentes de contato coloridas, formando os mais diversos tipos de combinações na tentativa de resgatar um pouco de identidade e acabarem criando uma subcultura baseada em outras subculturas, como o punk, o gótico, as lolitas e estilos próprios como decora-kei (Decora Ting Style).

Essa rebeldia juvenil, ainda que apenas no modo de se vestir, pode ter uma data exata para acabar. Quando completam 20 anos, os jovens passam a ser considerados adultos. Aí, ou eles caem na marginalidade ou se enquadram, o que significa abandonar a fantasia de ser diferente e adotar o terno e gravata ou o tailleur para se transformar em um salaryman ou uma office lady, como são conhecidos os funcionários de escritórios, destino da maioria que deseja uma situação financeira estável. Mas enquanto a hora da verdade não chega, os jovens gastam toda a energia na busca por roupas que, obrigatoriamente, devem ser as mais extravagantes possíveis.

          Não que obrigatoriamente, todos deixem de lado algo de sua juventude. Mas a grande maioria que opta por essa vertente deixa isso mais para as horas de folga e lazer, muito poucos se desenvolvendo como artistas em suas respectivas definições.

Um comentário:

Lady LoLo disse...

Engraçado, e eu indo atrás das roupas alternativas depois dos 20, porque antes não tinha dinheiro pra ir atrás disso XD~
Olha so, tá aí a origem da expressão de que "todos os japoneses são iguais", não por causa dos olhos puxados, mas por causa dessa homogeneização da sociedade.